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....."chover no molhado"como diz o autor deste lúcido e belo texto, que ressalta a importância de Carminha Levy no contexto dos Animais no Xamanismo, percorrendo o caminho da Consciência Humana

texto de Monty Dahan

Caubi Maciel da Nóbrega publicou recentemente material acerca de algumas conclusões as quais um grupo multidisciplinar de neurocientistas chegou acerca da capacidade de desempenho neurológico dos animais. A conclusão, “grosso modo”, é a de que animais sentem, sofrem e tem cognição.
Lembrei-me de Schopenhauer. Parece que Shopenhauer teria dito dos matemáticos que eles são pessoas que quebram as pernas para aprender a andar de muletas. Renunciavam à intuição, à sensorialidade e aos sentimentos, a todo o conhecimento que vinha destas funções psíquicas para ter como unicamente valido aquilo que fosse demonstrável através da lógica e do pensamento. Se de fato a frase é dele, tinha razão.
Lembrei-me da frase porque Shopenhauer poderia tê-la dito acerca deste grupo de neurocientistas. Eles choveram no molhado – comunicaram ao mundo que chegaram à conclusão do óbvio. Qualquer um que teve um cão, um gato, um hamster sabe disso. Enfim, o conjunto das pesquisas que fundamentaram este comunicado deve ter lá seu valor, provavelmente há inúmeros detalhes funcionais que foram dissecados, a exemplo dos sujeitos das pesquisas. Por outro lado esse mergulhar no detalhe do detalhe tem nos cegado quanto ao global, quanto ao todo. Esta cultura “da globalização” da contemporaneidade tem de global apenas o nome. Idolatra-se o parcial, o “como se faz”, esquece-se do todo, do “porque” e do “o que”. Enfim, esta é uma questão para os pensadores do futuro, se o projeto “homo sapiens” tiver futuro.
A questão surgiu na esteira da invasão do malfadado Instituto Royal. Aquele Instituto acerca do qual jamais se saberá o quanto mantinha a seriedade da pesquisa e dos procedimentos com os animais, porque todas as provas foram destruídas pelos ativistas. Na invasão descobrimos ainda que a Lei de Lynch (linchamento) vale, desde que seja a favor do lado “politicamente correto”. Por mais que estejamos convencidos da barbaridade dos procedimentos de pesquisa com o uso e sofrimento de animais e de sua relativa inutilidade ou futilidade não é por aí a vida, se pretendemos uma sociedade aberta e democrática, baseada no estado de direito. Para não lembrar que a estratégia foi a pior possível, manchando de maneira indelével a imagem dos defensores dos direitos dos animais. Mas este é outro tema.
Fato é que os animais são nossos companheiros nesta aventura na Terra, nesta etapa da evolução comum. Muitas são as possibilidades de evolução. Intuição, sensorialidade, comunicação entre os seres, capacidades de mobilidade, raciocínio lógico, memória, sentimentos, empatia, todas estas e muitas outras qualidades e possibilidades se abrem para o ser em evolução e não há porque dizer que uma é superior à outra. Os cetáceos – baleias, golfinhos, botos, etc. – atingiram um ponto na evolução do caminho que escolheram e percorreram que me parece muito mais avançado que o do homem. Os exemplos se multiplicariam se quiséssemos.
Há pouco tempo, quarenta anos talvez, começamos a perceber que nós, os civilizados, não éramos superiores aos não civilizados – povos que mantiveram sua cultura tradicional, como os jivaros, os xavantes, os remanescentes dos tupis, enfim. Claro que um ou outro pensador sabia disso, mas esta noção, a de que o homem branco, civilizado, tecnocientifico, etc., não é em nada superior aos outros homens é bem recente, A relação com nossos indígenas sempre se fundamentou ou na violência e na expropriação ou na caridade. Jamais foi uma relação igualitária. Considero que a carta do Chefe Seattle, de1855, é um marco definitivo nesta noção para toda uma geração. Esta carta começou a ser divulgada com estes fins a partir dos eventos de 68, na esteira da lógica da contra cultura.
Momento é de percebermos que o mesmo raciocínio vale para os animais. Os povos que mantiveram sua cultura tradicional e não perderam sua identidade como nós, os “civilizados”, estes povos sabem disso. Cada ato relativo a esta relação é ritualizado com a função de não se perder esta noção. Existe um respeito e um agradecimento ao animal que doa seu corpo para a alimentação daquele que o caçou.
Para todos os que de alguma maneira tem um contato profundo com estas culturas tradicionais estes conhecimentos são corriqueiros. O candomblé possui uma sabedoria profunda e lá esta noção é muito clara, básica. O chamado neoxamanismo, desenvolvido por Michael Harner e cuja base foi obtida entre os Jivaros é meridiano a respeito. Este trabalho foi o corolário de muitos trabalhos acerca da percepção da realidade. Com o uso sagrado da Ayahuasca foi possível atingir níveis de percepção antes inimagináveis para nós, tristemente civilizados, brancos e cegos.
Aqui entre nós, brasileiros, Carminha Levy desenvolve estes temas a exaustão já há cerca de 40 anos. Usando o toque do tambor como instrumento de alteração de estado de consciência, deve ser internacionalmente aquela cujo trabalho de pesquisa foi mais fundo, envolvendo a também a conexão com as culturas tradicionais da Europa, anteriores aos romanos, a invasão viking, ao predomínio católico. Muito focado na compreensão das Madonas Negras e da sua profunda conexão com os animais no conjunto da evolução da Mãe Terra, evolução esta da qual não somos, nós homens, nem de longe a parte mais importante nem mais evoluída. Principalmente quando se fala deste mosaico “viking/judaico-cristão/wasp/patriarcal” que acabou se constelizando (termo que significa “grudaram entre si”. Tudo isso, neste caso, virou um “polo de sugar energia” tipo um buraco negro – o verbo constelizar deriva da palavra constelação e é usada dentro das noções da energética psíquica junguiana). Esta constelação, na qual todos os elementos perdem sua identidade e mergulham na entropia é o câncer psicossocial e antropológico que esta matando por putrefação a Humanidade.
Apenas para registrar e marcar, falamos aí de Xamanismo Matricial, o xamanismo que transcende a vertente patriarcal e a matriarcal e que corresponde a nossa era, a da alteralidade, na definição de Erich Neumann, pesquisador da psicologia e da antropologia de orientação junguiana. Esta é a principal contribuição de Carminha Levy para a Psicologia e para a Cura da Humanidade. Hoje ela desenvolve uma nova vertente, a do Xamanismo Cósmico, que deverá completar todo este trabalho iniciado ainda na década de 60 por Michael Harner.
A conclusão?

Animais são nossos companheiros nesta jornada evolutiva que percorremos juntos, aqui, todos sendo pedacinhos da Mãe Terra. Nossa relação com nossos irmãos animais está bem conturbada e pode destruir a todos nós. Aliás está conturbada também com os vegetais e com os minerais.
Culturas tradicionais que não perderam sua conexão com a Terra e que mantém sua identidade cultural preservaram a sabedoria e estão conectados com o todo, incluído aí a relação com os animais.
A Terra está sendo destruída por um grupo de humanos que perdeu suas raízes e sua identidade cultural e que leva sua agressividade destrutiva ao limite do infinito, impondo o Império do Nada aos demais habitantes da Terra, humanos e não humanos, numa dinâmica cancerosa.
Um grupo de humanos, embora nascidos e criados dentro do grupo que consteliza a doença evolutiva conseguiu e está conseguindo reestabelecer as conexões e reencontrar as raízes e o caminho da Evolução.
Se um grande número de humanos que estão mergulhados no foco deste câncer virar o botão rapidamente para viver uma Cultura de Vida ao invés de uma Cultura de Morte, gerando massa critica, vai dar tempo.
Este é o chamado Plêidiano. —


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